Thursday 17 April 2008

Tibet: um pouco de história - fascículo 2



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Tibet no Século XX


O status do Tibet seguido da expulsão das tropas manchus não é assunto para sérias discussões. Quaisquer laços que existiam entre o Dalai Lama e os imperadores manchus da dinastia Qing foram extinguidos com a queda daquele império e dinastia.

Entre 1911 e 1950, o Tibet conseguiu conseguiu evitar influência exterior indevida com sucesso e se comportou, em todos os aspectos, como um Estado inteiramente independente.

O Tibet manteve relações diplomáticas com Nepal, Butão, Reino Unido e mais tarde com a Índia independente. Relações com a China se mantiveram restritas.

Os chineses estabeleceram uma guerra de fronteira enquanto formalmente clamando para o Tibet se juntar à república chinesa, e proclamando para todo o mundo que o Tibet já era uma das “5 raças” da China.

Em um esforço para reduzir as tensões sino-tibetanas, os britânicos convocaram uma conferência em Simla entre os 3 países em 1913 onde os representantes dos 3 estados se encontram em termos iguais.

Como lembrado pela delegação britânica, o Tibet entrou na conferência como “nação independente sem reconhecimento de aliança com a China”.

A conferência não obteve sucesso e não resolveu a diferença entre China e Tibet. Mas foi significante para reafirmação das relações anglo-tibetanas com a conclusão de comércio bilateral e acordo sobre fronteiras.

Numa declaração conjunta, Reino Unido e Tibet decidiram não reconhecer a suserania chinesa ou algum outro direito especial sobre o Tibet se a China na ratificasse a convenção de Simla que garantia ao Tibet maiores fronteiras, integridade territorial e autonomia plena.

A China nunca ratificou esse convenção, deixando os termos da declaração conjunta em total vigor.

O Tibet conduzia suas relações internacionais primeiramente com missões diplomáticas do Reino Unido, China, Nepal e Butão em Lhassa e também através de delegações do governo em viagens internacionais.

Quando a Índia se tornou independente, a missão diplomática britânica foi substituída por uma indiana. Durante a Segunda Guerra Mundial, o Tibet se manteve neutro, mesmo com pressões dos EUA, Reino Unido e China para liberação de passagem de matéria-prima pelo seu território.

O Tibet nunca manteve relações internacionais extensivas, mas os países com quem matinha relações, sempre o tratavam como tratavam qualquer outro Estado soberano.

O seus status internacional de fato não era diferente como era, diríamos, o do Nepal.

Tanto que quando o Nepal se inscreveu para as Nações Unidas, citou seu tratado e relações diplomáticas com o Tibet para demonstrar sua identidade internacional plena.

A invasão do Tibet

A virada da história do Tibet veio em 1949 quando o Exército de Liberação Popular da República Popular da China cruzou as fronteiras do Tibet pela primeira vez.

Depois de derrotarem o pequeno exército tibetano e ocuparem metade do país, a governo chinês impôs o tão conhecido “Acordo de 17 Pontos para a Liberação Pacífica do Tibet” sobre o governo tibetano em maio de 1951.

Por ter sido assinado sob coação, o acordo não tem validade sob o ponto de vista do direito internacional.

A presença de 40.000 tropas no Tibet, a ameaça de ocupação imediata de Lhasa e a perspectiva de destruição total do Estado tibetano deixaram os tibetanos com poucas opções.

Enquanto a resistência à ocupação chinesa aumentava, principalmente no Tibet oriental, a repressão chinesa, que incluía a destruição de prédios religiosos e a prisão de monges e outros líderes comunitários, aumentava dramaticamente.

Em 1959, um levante popular culminou em protestos massivos em Lhasa. Pela época que a China conseguiu acabar com o levante, 87.000 tibetanos tinham sido mortos só na região de Lhasa, e o Dalai Lama transferiu-se para Índia, de onde ele lidera hoje o Governo-em-exílio, em Dharamsala.

Em 1963, o Dalai Lama promulgou a constituição para um Tibet democrático. Foi implementada com sucesso até onde foi conseguiu se extender, pelo Governo-em-exílio.

Enquanto isso, a perseguição, violações constantes dos direitos humanos e a destruição em massa de prédios históricos e religiosos pelas autoridades ocupantes não conseguiram destruir o espírito do povo tibetano a resistir a destruição de sua identidade nacional.

1,2 milhão de tibetanos perderam suas vidas [mais de um-sexto da população] como resultado da invasão chinesa.

Mas a nova geração de tibetanos aparenta tão determinada a retomar a independência do país quanto a geração mais antiga.

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